.. ( em uma linguagem comum e de fácil entendimento )
Um dos temas mais polêmicos dentro do treinamento global de um atleta é a periodização correta dos seus ciclos de treinamento.
Não é incomum verificarmos erros grotescos na finalização do último ciclo, quando o mesmo existe.
Notem.
Os profissionais são atletas que vivem do esporte e dele dependem para seguirem em frente, sem precisarem se preocupar com outras coisas
do cotidiano como acontece com a maioria dos atletas amadores.
No início de cada temporada, preocupam-se apenas em reunirem-se com seus treinadores, nutricionistas, médicos e patrocinadores para programar quais as melhores provas e como se prepararem adequadamente para o ano inteiro de competições.
Mais comum do que parece, encaixam até algumas provas dentro de suas programações apenas como avaliação de todo o período de treinamento, sem a preocupação ( proposital ) de obtenção de resultados.
Ora, para uma programação complexa e longínqua como a periodização de uma prova de Ironman, nada mais comum do que observarmos em suas
organizações de treinamentos a diminuição dos volumes e das intensidades nos últimos ciclos, afinal de contas, é comum percebermos nas postagens dos atletas de elite um volume de treinamento semanal nos ciclos de volume de distâncias como aproximadamente 25kms de natação, 800kms de pedal e até 120 kms de corrida SEMANALMENTE.
Atletas de elite são preparados para estenderem seus limites em vários períodos dos ciclos de treinamento para obterem performance competitiva nas provas de Ironman. Seus únicos objetivos são única e exclusivamente o RESULTADO e as PREMIAÇÕES, nada além disso.
Não obstante, observamos um percentual exagerado de atletas da elite que competem no limite de suas resistências físicas e mentais e, quando não estão em um dia bom, simplesmente abandonam a prova, estejam onde estiverem.
Estão treinados e treinam para uma temporada inteira de provas e não podem ir além do que estão programados para competir.
Se pegarem vídeos do Campeonato Mundial de Ironman no Hawaii, são centenas de profissionais "tirando o time de campo" sem completarem a prova.
Campeões como Chris McCormack, Mark Allen, Thomas Hellriegel, Norman Staedler, Marino Vanhoenacker, Paula Newby Fraser, Luke Bell, Luc Van Lierde e tantos outros já desistiram precocemente.
A diferença desses atletas para os amadores, em sua imensa maioria, são os objetivos e as performances em suas diversas variáveis, principalmente, na programação da performance através da intensidade proposta para o cumprimento do objetivo.
Amadores são atletas que não dependem do triathlon para sobreviver. Levam uma vida paralela com família, trabalho e tantas preocupações que a programação de treinamento desses atletas deve levar em consideração diversas variáveis como diminuição dos períodos diários e semanais de treinamento, aumento do tempo de adaptação aos treinamentos de grandes volumes e maiores períodos de descanso para suportarem esses aportes de sobrecarga.
Infelizmente, um grande percentual de atletas acabam recorrendo à alguns métodos nada toleráveis de aumento de performance e, principalmente, sustentação das sobrecargas de treinamento e RECUPERAÇÃO através de drogas ilícitas que podem colaborar de sobremaneira no global do treinamento e nas avaliações prévias do quanto o treinamento segue no rumo certo.
Mas deixemos esse assunto para uma outra discussão.
A pergunta que cabe aqui é :
" Como você, ATLETA AMADOR, se programou em relação aos seus ciclos de treinamento e como serão as suas duas últimas semanas de treinos ? "
Tenho quase certeza que a grande maioria dos atletas irá responder que estão treinando de acordo com as suas possibilidades de horários, que não seguem uma programação prévia semanal e que irão diminuir o volume de treinamento nas três últimas semanas para chegarem na prova descansados para o "desafio".
Afirmo também que uma boa parcela dos que tem a possibilidade de se programarem para treinar com algum treinador acabam chegando ao final de seu ciclo de treinamento com as mesmas afirmações. Diminuição dos volumes nas últimas três semanas.
Eu ousaria dizer que cometem um erro grosseiro ao diminuirem seus volumes DRÁSTICAMENTE se seus objetivos são apenas o de realizar uma prova sem percalços e ( como a grande maioria afirma sempre ) tentar fazer a maratona da prova sem andar.
Alguns inclusive encaixam como um objetivo extra chegarem antes do pôr do sol.
Perceba que se você é um atleta amador que tem dificuldades em realizar grandes volumes de treinamento em função de tempo reduzido para tal, qualquer que sejam os seus volumes à três semanas do dia da prova, provavelmente estarão longe de estarem se sentindo confiantes com o volume de treinos que produziram até então.
Por mais que treinem, estão longe de realizarem os volumes necessários para aumentarem suas performances. Seus objetivos são outros.Poucos ultrapassam os 10kms de natação, 150kms de pedal e 40km de corrida semanais. Se essas distâncias se fracionam demais, aí seus objetivos se tornam ainda mais complexos de evoluírem.
Outro erro muito comum é que, além de carecerem de volume nessa época do treinamento, provavelmente realizaram poucos treinamentos de transição , sejam eles completos ( nadando, pedalando e correndo em distâncias diversas ) como nos mais comuns ( pedalando e correndo ).Provavelmente ainda encaixaram dentro de seus treinamentos alguma prova de Meia distância Ironman para avaliarem .... aliás, avaliarem o que ?
Experimentem mudar, amigos.
Ousem seguirem até o último domingo antes da prova com um volume de treino de até 2/3 do que realizarão na semana seguinte na prova.
O segredo está na diminuição da INTENSIDADE do seu treinamento.
Tenho quase certeza de que você tem um dificuldade enorme de controlar essa variável importante do treinamento que é a intensidade.
Você se programa para fazer um pedal de 200km no final de semana e fica se organizando durante toda a semana para isso. Mas é bem provável que se encontrar um pelotão no meio do seu treinamento você seguirá com ele e tudo o que estava programado cairá por terra, principalmente na principal variável, repito, a ser respeitada, que é a INTENSIDADE.
Atleta, coloque o seu penúltimo final de semana como o ápice de seu treinamento com pequena redução do volume global e diminuição drástica da intensidade.
Se seu objetivo é fazer abaixo de 13 horas, ou abaixo de 12 horas, ou chegar "de dia", ou não andar na maratona, considere chegar com volume de treinamento na semana da prova, porque provavelmente para esses objetivos citados a INTENSIDADE como você abordará a sua performance na prova não excederá em nenhum momento o que realizou em treinamentos, ao contrário dos profissionais.
Portanto, atleta, se você se orienta pelos blogs de atletas profissionais que "prescrevem" através de seus treinamentos sugestionando os amadores a seguirem o mesmo, você provavelmente fracassará.
Melhor ficar em casa na sexta e no sábado descansando ao invés daquela corridinha "pra soltar a musculatura" desnecessária.
Melhor realizar volume até o último domingo do que diminuir nas últimas três semanas o volume que já é deficitário no global de seu treinamento.
É só uma sugestão.
Antes de qualquer coisa, qualquer que seja a sua programação, ela deve ter um PORQUE.
Antes de qualquer coisa, converse com seu treinador.
Se ele te convencer do contrário, siga com o que você acredita ser melhor pra você.
Mas repito ... deve haver sempre um PORQUE.
Boa prova em 31 de maio ... estarei por lá torcendo por todos.
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