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terça-feira, 26 de junho de 2012

Os maestros do asfalto

Mais um final de semana


Então, em um dia tranquilo de sol, fim de semana radiante, me armo com meu mais fascinante instrumento de diversão, aquela que se coloca quieta e tranquila durante a semana me esperando para passearmos juntos horas afim.

Levanto cedo, tomo um banho motivador, me preparo com todos os acessórios que poderão me livrar de algum inconveniente e saio com minha bela companheira, minha bicicleta maravilhosa, que sonhei durante toda a semana em encontrar.
Sorte minha o tempo colaborar, porque, embora enfrente qualquer tempo para pedalar nos finais de semana, nada como um dia quente de verão para que o local marcado antecipadamente esteja repleto de ciclistas e o passeio se torne pura diversão.
Os primeiros quilômetros do passeio são sempre uma maravilha. Todos calmos, se aquecendo calmamente enquanto conversam despretensiosamente sobre os mais variados assuntos. Não nos preocupamos em andar rápido e somente colocamos nossos assuntos em dia. A maioria pedalando em duplas e trios que se desfazem e se formam novamente, sugerindo o inicio de novas conversas e novos assuntos.

A saída da cidade é calma e a estrada se aproxima. É sabido que alguns mais ansiosos certamente aumentarão o ritmo da pedalada e aquela que inicialmente era uma pedalada tranquila se tornará um verdadeiro treinamento. Alguns reclamam, alguns berram, mas na verdade todos esperavam por aquele momento. O momento da "socação dos pedais", o momento de fazer força, de superar limites, de "aguentar o tranco".
Praticamente trinta quilômetros se passaram e só percorremos percurso plano. Os menos experientes se posicionaram no fundo daquele pelotão imenso, respeitanto os ciclistas mais assíduos que ditam o ritmo do treino.

Após quase uma hora de treinamento, surge a possibilidade de olharmos para trás, em uma diminuída de ritmo momentâneo e, aquele grupo, que inicialmente iniciara com aproximadamente quarenta, talvez cinquenta ciclistas, diminuiu em quantidade para não mais do que doze lunáticos alucinados por velocidade e transpiração.
A conversa sobre esperar ou não o pelotão de trás que vinha distante logo é desprezada e os lunáticos seguem eu sua jornada rumo ao final do treinamento, que iniciara como um simples passeio.
Seguimos, pois nos resta ainda talvez quarenta quilômetros de ciclismo frenético, alucinante. Subidas íngremes, descidas malucas, ciclistas doentios ( no bom sentido da palavra ), arriscando suas vidas em cálculos precisos, alguns com capacetes velhos, outros extremamente bem protegidos e com equipamentos modernos, outros apenas com óculos na testa e Deus no coração.

Ao final da pedalada, cansados, mas extasiados, paramos naquele mesmo ponto de encontro, onde uma água, refrigerantes ou mesmo aquela cervejinha geladíssima nos aguarda para o consumo. Salgados, bolachas, tudo é consumido em uma necessidade desenfreada de recuperarmos nossas forças.

O papo se reinicia e o assunto, sempre, BICICLETA.
O tempo passa e pequenos grupos vão se juntando ao antes seleto grupo de malucos. Desculpas mil surgem, em uma tentativa de justificarem a perda do pelotão, e a brincadeira e gozação é total.

Inicialmente sete da manhã, já se aproxima de meio uma datarde e a conversa não termina. Prolonga-se, porque, no final, o objetivo foi alcançado.
Cada um estabeleceu seu ritmo, cada um procurou um lugar no pelotão, cada um procurou uma forma de terminar sua jornada da melhor forma possível, e todos com a mesma sensação.
Prazer, satisfação, felicidade, emoção, amizade e diversão.

São estes os motivos que fazem as pessoas se agruparem nos finais de semana procurando caminhos antes difíceis de serem percorridos.

O ciclismo de academia ( indoor ) deve seguir esses mesmos propósitos. O da promoção do bem estar emocional, da interação inter e intrapessoal, o descobrimento do próprio ser, a busca do desconhecido, a superação de limites.
Esconder-se atrás de belas roupas e desconhecer a mecânica do objeto que nos proporciona todos esses sentimentos apenas dificultará nosso entendimento.

De nada adiantará sermos 100% no trabalho de resistência de força. Temos de ser fortes nas subidas da montanha.
De nada adiantará sermos 100% no Interval Training. Devemos enfrentar a estrada de uma forma corajosa, seja o trecho e a distância quais forem.
De nada adiantará sermos os melhores no Race Day, se sequer sabemos as táticas utilizadas em uma verdadeira corrida de ciclismo.
O ciclismo de academia foi inventado com a finalidade de promover a melhora do condicionamento físico do aluno através da proposta de simulações das situações do ciclismo de estrada.

Coerente seria, então, sabermos quais as situações para simularmos com perfeição e entendimento ,certo?

Quando se abandona por um tempo a bike e descobre-se, após algum tempo depois, sua real importância, valorizamos nossa "namoradinha" como nunca.
É como o corredor que simula treinos em esteira ergométrica e nunca corre em grupos nas ruas.
É como nadar e não participar de competições.

O ser humano é competitivo pela sua própria natureza de sobrevivência. Está em seu instinto natural e deve ser preservada essa característica.

Estimule seus alunos a saírem com você para pedalar, para passear por locais seguros. Não importa a distância, não importa o ritmo, participe a todos de sua diversão de vez em quando.
Dê atodos a possibliidade de conhecerem melhor o que acontece no treinamento outdoor.
Ao menos de vez em quando esqueça de andar no pelotão da frente e traga os mais "fortes" com você lá atrás.

Sim, porque se você conseguir tirar seus alunos de dentro da salas de treino e levá-los para a rua, para a estrada e conseguir completar ao seu lado uma sessão de passeio ou treinamento de bike outdoor, sempre no ritmo dele, ele será o mais forte.

STRONG FEELINGS, STRONG SOUL, STRONG HEART.

Just to ride a bike forever, just to be part of them.

Este texto que expressa sua primeira parte em forma de crônica foi escrito no verão de 2005 . Os pontos de encontro e concentração talvez tenha mudado, os locais de descontração dos finais de treino também, mas os amigos e ciclistas permanecem, sempre com a mesma determinação e com o mesmo amor pelo esporte !






E vamos lavar a nossa querida bike, porque no próximo final de semana tem mais.