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sábado, 27 de janeiro de 2018

A TEMPORADA 2018 ESTÁ COMEÇANDO !



Finish Line: Destination - HOME !!

Com essas palavras acima, o narrador oficial do vídeo de todos os Ironman do Hawaii até a versão de 98 dava início à narrativa da maior prova de triathlon do mundo.
E tudo começando novamente !!

Faltando aproximadamente 4 meses para o Ironman Brasil, em Florianópolis, já começo a visualizar alguma tremedeira entre aqueles que já estão inscritos para a maior prova de triathlon do Brasil.

Acompanhando eletronicamente as mensagens e as postagens através de páginas eletrônicas (Instagram, Facebook, Blogs, etc...) já percebo a ansiedade de todos em busca da melhor preparação possível para o final de maio.

Observo que os atletas já tem manifestado algum aumento nas distâncias de treinamento.
Longas pedaladas de finais de semana, longas corridas pela nossa querida orla praiana, e assim por diante.

Confesso que ficaria um pouco mais contente se alguns mais experientes levassem um pouco mais a sério a prévia avaliação clínica e física, e que dispusessem de mecanismos fisiológicos mais precisos para que não desperdiçassem tempo precioso em treinamentos desnecessários.

A ciência do esporte hoje está contribuindo diretamente para a otimização do treinamento, seja ele de curta ou longa distância.
Gostaria de ver os atletas postando seus valores fisiológicos de antes e depois dessa longa jornada de pré-prova que inclue para alguns quatro ou cinco meses de treinamento e para um tanto de outros, até um ano de dedicação plena e exclusiva.
Gostaria de saber precisamente de cada um o dia-a-dia de treinamento, e o quanto outras importantes atividades poderiam contribuir com uma performance mais abrangente no dia da prova.

Mas acima de qualquer comprometimento maior, o mais importante é que todos estejam felizes fazendo o que gostam, com saúde e harmonia.

Se eu pudesse dar uma única dica, talvez duas, sem me intrometer nos trabalhos profissionais de ninguém, eu diria:

O IRONMAN NÃO ACEITA DESAFOROS.
E ele cobra o preço.

Portanto, não negligencie as propostas de seus treinadores, e busquem sempre SOLUÇÕES para resolverem os problemas que surgirem ao invés de sempre justificarem um treinamento perdido ou uma diminuição das distâncias propostas nas sessões.
Tome cuidado quando você começar a perceber que sua evolução está sendo bastante positiva e resolver por conta própria fazer um treinamento em uma intensidade acima do que proposto pelo seu treinador.
Normalmente esse "abuso" desnecessário pode encerrar a sua preparação antecipadamente.
Se você estiver em um MACROCICLO de 24 semanas e você perder "apenas" uma sessão de treinos por semana serão 24 sessões a menos no global de sua preparação.
Parece muito pouco uma sessão semanal, mas no ciclo total é uma enormidade a defasagem entre o programado e o realizado.
Porque o Ironman não aceita DESAFOROS.

Nadar 3.8 kms. 
Pedalar 180 kms. 
Correr uma maratona. 
Isso é o Ironman.

Preparar-se precisamente para a excelência de um resultado significa sessões de alongamento semanais. Musculação. Transições. Yoga. Descansos ativos, treinos livres, etc.

Quando digo excelência de resultado não digo vencer uma prova tão disputada.
Digo alcançar metas pré-estabelecidas com critério e rigor.
Alguns levam muito a sério. 
Outros nem tanto. 
Outros apenas brincam.

A seriedade, para mim, faz parte da rotina extensa do treinamento para uma prova de tamanho volume.
Porque depois de tantos anos competindo e acompanhando provas de todas as distâncias imagináveis, a imagem que sempre marca minha mente em termos de diversão é a do grande e renomado Ironman José Renato Borges, o José Renato Mosquito.

Esse cara competiu sempre com o sorriso no rosto. Muitas vezes o via treinando com muita seriedade. 
Muita dedicação. 
Muito profissionalismo.

Mas, no DIA DA PROVA, por mais concentrado que estivesse, por mais que estivesse doendo, o prazer de sentir toda a dedicação e empenho fluírem positivamente só traziam ao Mosquito um sorriso verdadeiro e que o conduzia sempre a linha de chegada com menos dificuldades que os demais, independente das dores.

Acho que é isso !!
Vamos todos pra Floripa em maio. (assim espero).
Eu, para acompanhar os meus poucos atletas.
E, a galera, para passar por aquela tão sonhada linha de chegada.

Cada um ao seu modo, com seus propósitos, com seus objetivos, com seus sonhos, com suas verdades.
Isso é o Ironman.

Boa sorte a todos.
Foi dada a largada.

CONSTRUINDO A BASE. Me explique, por favor !



Dia desses li no Instagram não me lembro de quem (juro) onde estava escrito algo parecido com:

"Pouco mais de 900km em nove dias (ciclismo) e assim fechamos a base do início do ano".
Era um grupo de triatletas na foto, pela hashtag que vi.

Entendi.
Aliás, acho que na verdade não entendi.

Todos os anos eu fico me perguntando sobre essa tal de "construção de base" que todos utilizam volumes imensos para alcançá-la.
E fico me perguntando também quais as informações preliminares fisiológicas que determinam que VOLUME gera construção de base.

Rodar nove dias fazendo 30km de corrida todos os dias pra "Construir Base" ninguém quer, né ??

Quanta PERDA DE TEMPO !!


Logo após eu finalizar essa postagem em uma rede social, o professor titular da UNIFESP em Santos, Paulo Azevedo, mestre em Fisiologia Humana e do Exercício e Ciências do Movimento, escreveu:

 Silvão, 
o que as evidências nos permitem concluir:


1-Periodização do treinamento é uma arte, e carece de suporte científico;

2- Qual o objetivo da “base”? Se for um atleta de alto nível esta base já está feita pelos anos de treinamento. Acredito que o que você viu no post não eram atletas de alto nível (mundial), então a melhora do VO2max e capacidade aeróbia são os objetivos;

3- Para atingir tais objetivos a distribuição polarizada das cargas (nos artigos chamam de periodização polarizada) tem se mostrado mais efetiva. Cerca de 70% do volume de treinamento é prescrito na intensidade do 1º limiar ventilatório (1º LV), 10% no 2º limiar ventilatório, e os 20% restantes entre o 2º limiar ventilatório e a intensidade associada ao VO2max (iVO2max);

4- Apesar do objetivo final ser a melhora do VO2max e capacidade aeróbia, cada um destes índices fisiológicos induz a respostas agudas e crônicas específicas. Por exemplo: treino no 1º LV induz ao aumento do número de mitocôndrias, e o treino na iVO2max induz ao aumento no tamanho das mitocôndrias. O que quero mostrar é que você tem razão no seu questionamento: o que o cara pretende com a tal base? Se ele fizer um teste ergoespirométrico (com protocolo adequado – validado) o Fisiologista conseguirá detectar qual o indicie fisiológico que deverá ter prioridade nos treinos. Seguindo o raciocínio, o volume alto poderá ser adequado para uns, mas não para outros; e o mesmo podemos dizer para o treino intervalado na iVO2max durante a “base” ou em outro período dentro do planejamento;

5- Calcular o volume total do período planejado (macrociclo) e distribui-lo em períodos menores (mesociclo, microciclo, sessão de treino e unidade de treino) não é algo fácil, e atualmente me traz duvidas maiores, principalmente pelas evidências contra a periodização. No triátlon tem o complicador de ser uma modalidade pluri-esportiva.

Valeu pela oportunidade. 
Disseminar um pouco das evidências científicas sobre fisiologia aplicada ao treinamento é importante para os professores de educação física e atletas, e acho que era este o objetivo da sua postagem!

Abração

Referencias
Adrian W. Midgley, Lars R. McNaughton and Michael Wilkinson. Is there an Optimal Training Intensity for Enhancing the Maximal Oxygen Uptake of Distance Runners? Empirical Research Findings, Current Opinions, Physiological Rationale and Practical Recommendations. Sports Med 2006; 36 (2): 117-132
John A. Hawley and Fiona J. Spargo. Metabolic Adaptations to Marathon Training and Racing. Sports Med 2007; 37 (4-5): 328-331.
Edward F. Coyle. Physiological Regulation of Marathon Performance. Sports Med 2007; 37 (4-5): 306-311.
Goutianos, G (2016). Block periodization training of endurance athletes: A theoretical approach based on molecular biology. 4(2): e9.
Irineu Loturco and Fabio Y. Nakamura. TRAINING PERIODISATION AN OBSOLETE METHODOLOGY? Available at www.aspetar.com/journal
José Afonso, Pantelis T. Nikolaidis, Patrícia Sousa and Isabel Mesquita. Is Empirical Research on Periodization Trustworthy? A Comprehensive Review of Conceptual and Methodological Issues. Journal of Sports Science and Medicine (2017) 16, 27-34.
SYLTA, K., E. TKNNESSEN, D. HAMMARSTRO¨ M, J. DANIELSEN, K. SKOVERENG, T. RAVN, B. R. RKNNESTAD, K, SANDBAKK and S. SEILER. The Effect of Different High-Intensity Periodization Models on Endurance Adaptations. Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 48, No. 11, pp. 2165–2174, 2016.
Thomas Stöggl and BillySperlich. Polarized training has greater impact on key endurance variables than threshold, high intensity, or high volume training. Frontiers in physiology. February2014|Volume5|Article33

A IMPORTÂNCIA DO ROLO SOLTO



Existem algumas propostas que vemos nas prescrições de treinamentos que podemos classificá-las como ERRADAS.
Outras tantas classificamos como CONTRA INDICADAS.

Tudo depende das convicções de quem prescreve, das EXPERIÊNCIAS ESPECÍFICAS que o prescritor tem com a modalidade e, principalmente, da quantidade de estudos de teoria e prática do contexto.

O que é preciso sempre é avaliarmos previamente o que uma proposta pode gerar de riscos à quem irá praticar a mesma.
Ou, no português comum, o tal do bom senso.

Não vou me alongar não.
Mas posso, do alto da minha larga experiência com o ciclismo de estrada em todas as suas vertentes (MTB, Road Bike e Time Trial), expressar com convicção que o equipamento utilizado na foto é o ÚNICO equipamento que deve ser utilizado nos dias atuais para que deficiências de equilíbrio e assimetrias de pedalada sejam treinadas e corrigidas.

Acho um tanto demais arriscado propor determinadas situações para serem realizadas em estradas e em treinamentos externos e urbanos.

Enfim.
É apenas uma sugestão por simples SEGURANÇA.

Não abordei nada além da SEGURANÇA.
Técnicas de aprimoramento de cadências e todo o mais podem sim serem trabalhadas em estradas, mas melhor que não sejam.

Já vi muita coisa ruim acontecer em pelotões em estradas, tanto em treinos como em corridas de ciclismo, principalmente, por perceber APENAS falta de habilidade de gente treinando ou competindo dentro de pelotões.

Pelotão não é o melhor lugar para se estar se o ciclista não possuir habilidades e destrezas para a situação.
Aprendi a andar em pelotão quando humildemente passei a andar no fundo da equipe Memorial junto com Hernandes Quadri Junior, Daniel Rogelin,Douglas NunesFred Longhin e Marcio May.
Ficava quietinho ali no fundo, só aprendendo.
E ali fiquei muito tempo, e só botava a cara na frente do pelotão em corridas.
Respeito total pelos ciclistas que elevaram o nível do meu pedal no triathlon.

Ficarei muito triste se lá na frente alguém postar uma foto todo ralado um dia e disser "Silvão, você estava certo".

INVISTAM EM UM ROLO SOLTO.

É difícil de aprender mesmo, requer muitas vezes ajuda de alguém com habilidade ou experiência mas tão logo você consiga treinar perceberá rapidamente a evolução do seu "pedal".

Bons treinos.
E lembre-se.
Técnicas que envolvam destreza e equilíbrio, de preferência, treine em casa.
No ROLO SOLTO.

CARTA ABERTA AOS AMIGOS DAS ESTRADAS.



Relembrando as postagens de anos anteriores me deparei com essa que escrevi 3 anos atrás.
Arrepiei de verdade, porque todos nós sabemos o que aconteceu de lá pra cá.
Continuo afirmando e reforçando a mensagem.
Amigos, muito cuidado.

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CARTA ABERTA aos meus amigos atletas, em especial os triatletas e ciclistas.

" Na última semana a violência bateu mais uma vez na porta de um esportista.
Hoje, infelizmente, vitimado por ela, ele não resistiu e sublimou sua existência breve por aqui por esses lados, pouco mais de vinte e quatro anos, muito pouco para uma vida de saúde e esporte.

Tenho alertado os amigos há muito tempo sobre os perigos que vocês tem enfrentado cada vez que resolvem partir para as estradas da região.
É claro que eu sei que nós não podemos nos acovardar, não podemos guardar nossos sonhos na gaveta esperando que tudo se acalme.
Não podemos tirar os sonhos das pessoas.

Mas fazermos o que ?
Lutarmos de que forma ?
Até quando ?
Será que vale a pena ?

Muitos amigos que estão aí pelas estradas são pais.
Alguns pais de filhos tão pequenos que não tem sequer a percepção do que significa uma bicicleta ou o esporte na vida dos seus pais.

Qual a resposta que eles obterão da vida e de seus parentes se algo de trágico acontecer na vida de algum de vocês ?
Está valendo a pena o sacrifício de deixar família para trás duas ou três vezes semanais para enfrentar a violência e a criminalidade urbana que se apoderaram de todos os cantos desse país ?

Vale a pena bater no peito e contar com a sorte de que você é uma pessoa abençoada e protegida por Deus e que nada de ruim acontecerá com você ?

Por enquanto, temos compartilhado vez ou outra, e cada vez mais frequentemente uma mensagem com os dizeres " Desapareceu hoje mais uma bicicleta do atleta TAL ".
E , mais cedo ou mais tarde, contra a nossa vontade, seremos obrigados a publicar uma mensagem com os dizeres:
" Desapareceu hoje o atleta TAL vítima da violência .... " e por aí vai ...
Ou alguém tem alguma dúvida disso ?

Nós, brasileiros, temos o hábito de nos mobilizarmos sempre que algo acontece conosco ou com alguém muito próximo.
Não é habitual do brasileiro se comover ou se manifestar se uma criança for arrastada por um carro, ou morta envenenada por seus pais, ou se um atleta morrer num estado distante, ou se um policial matar alguém distante, porque o brasileiro é assim, infelizmente.
Ele só se manifesta quando as coisas acontecem bem próximo.
E a violência está cada vez mais próxima de nós, meus amigos.

O que fazer eu não sei, mas eu tenho absoluta certeza do que não fazer.
Eu preciso criar mecanismos para que a minha vida fique à margem dessa violência toda e que, de alguma forma eu possa estar protegido.
Eu oro pelos meus amigos esportistas, os que vão para as estradas semanalmente.
Há muitos anos atrás nós perdemos aqui na região um amigo triatleta, no auge dos seus quinze anos, quando pedalava na Pedro Taques.
Há muitos anos atrás nós perdemos aqui na região alguns amigos vitimados por um acidente de trânsito.
Quem presenciou isso na época sabe o quanto foi traumático para todos, principalmente para seus familiares, e o quanto demorou para ser superado.

Eu, infelizmente, sou obrigado a admitir que eu perdi para o medo e para a insegurança.
Optei pelo "indoor" e essa foto que ilustra o post é da minha bicicleta e a data que escrevi foi a última vez que fiz uma revisão nela, embora ela ainda esteja aqui em casa, guardada.
Vez ou outra ainda subo nela para pedalar no rolo.
Mas desisti das estradas.

Tomem cuidado, meus amigos ... !!
A vida de vocês e a comunhão com a família é mais importante do que qualquer aventura esportiva.
É apenas isso que peço ...
TOMEM CUIDADO !!

Do amigo Silvão !!

PAZ !!